Com o passar do tempo tenho percebido uma transformação na forma como temos nos relacionado com as pessoas.
A sensação que tenho é que de uns tempos para cá, dois fenômenos distintos têm acontecido.
Um deles, está em um artigo especial: “Criando relacionamentos de profunda conexão!“
Mas aqui desejo tratar desse outro aspecto, que tem chamado muito minha atenção:
Tenho observado pessoas tendo comportamentos cada vez mais intolerantes, desistindo de algumas relações, por questões que muitas vezes, podem ser totalmente remediáveis, se houvesse a intenção de uma comunicação aberta e verdadeira.
Várias razões me parecem explicar esse comportamento.
Pode ser um comportamento defensivo, criado depois de anos sofrendo decepções com amizades frustradas.
Ou também pode ser que a pessoa já se deu conta que é capaz de viver sozinha, que tem estado a maior parte do tempo em sua própria companhia, e por isso, desenvolveu um comportamento auto-suficiente, e acredita não precisar mais tolerar certos tipos de coisas.
“Uma armadilha da sensação de auto-suficiência!”
Ou até, pessoas que têm tantos amigos, que não se importam tanto em deixar um ou outro pra lá, quando surgem divergências de opiniões.
Claro que existem muitas razões para não querermos mais nos relacionarmos com determinadas pessoas, mas não estou falando aqui de abusos, ou constatação da toxidade nas relações, estou me referindo à questões que poderiam ser expressas, incômodos que surgiram, que escolhemos não investigar lá no fundo…
Essa desistência, nos dá a sensação de que somos descartáveis. Não importa quanta dedicação e cuidado foram depositados naquela relação, em caso de pisada na bola, você pode ser eliminado, sem prévio aviso! Corda bamba! Insegurança! E esse torna-se um sentimento que acaba permeando nossas vidas, pois mesmo cuidando de sua ética e integridade, talvez não seja possível em 100% das vezes sabermos exatamente o que o outro espera de nós, e se houver um desentendimento de opiniões, seu amigo pode sair andando da sua vida, sem tentar expressar as razões ou sequer te ouvir. Ou até te ouve, mas sem acionar a escuta ativa… O que é o mesmo que não ouvir.
Isso já aconteceu com você?
Comigo já, algumas vezes, e o sentimento que me gerou foi esse: Não fui valorizada e sou descartável!
Como lidar com isso? Penso que conquistar e cultivar amigos verdadeiros, não é uma tarefa fácil, pois envolve afinidade, paciência, aceitação das diferenças, timing, auto-observação, concessão, disposição em encarar as sombras que vão se apresentando…
Existem características pessoais que dificultam o convívio, isso eu concordo.
Mas abandonar uma amizade, que um dia foi importante, porque em algum momento um comportamento gerou um incômodo, ou a pessoa está passando por muitos desafios e “ficou chata”, talvez seja uma atitude cada vez mais constante nos tempos atuais, onde há um pensamento de que tudo é passageiro, substituível e que tem tanta gente no mundo, que não preciso exatamente, investir nessa relação, nessa amizade específica.
Fico pensando que, em alguns casos, esse desconforto ou discordância que ocorre em algum momento numa relação, pode ser o momento do grande salto.
Aquele momento onde identificamos algo em nós, que nos limita, e que com observação e cuidado, poderia ser transformado.
Caso ambos na relação fossem capazes de passar por esse mergulho no profundo de si, e encontrar as sombras, as feridas que lá estavam escondidas, pode ser que a partir disso, pudessem avançar um nível em seu crescimento pessoal, e relacional. Poderiam desenvolver novos recursos pessoais!
Esse convite, faço a mim e a você…
O de observarmos se temos desistido de algumas relações, antes mesmo de tentarmos encontrar o que aquele incômodo acionou dentro da gente.
E então, tentarmos estabelecer com o outro, uma comunicação “não violenta” para ver se é possível seguirmos parceiros, ambos mais atentos, mais cuidadosos, mais experientes e mais maduros. Essas relações podem tornar-se ainda mais fortes e potencialmente transformadoras em nossas vidas!
Muitas vezes as relações mais desafiadoras, são as que têm o maior potencial de nos levar a um melhor auto-conhecimento e auto-desenvolvimento, já pensou nisso?